O tornozelo funciona como uma junção entre as pernas e os pés. É considerado uma articulação estável devido ao posicionamento dos 3 ossos que o compõe (o tálus, a tíbia e a fíbula), juntamente aos ligamentos e tendões que auxiliam na firmeza da estrutura. Essa estrutura recebe toda a carga do corpo e a transporta para os pés. Por isso, mantê-la estável é fundamental para evitar as lesões.
A dor no tornozelo lateral é muito associada à prática esportiva. Por isso, ela atinge mais os jovens adultos praticantes de atividades físicas. Pesquisas apontam que essas dores são semelhantes tanto no sexo masculino quanto feminino. Mas, por conta da artrose (doença mais comum em mulheres) e de fatores hormonais, elas aparecem com um pouco mais de incidência em pessoas do sexo feminino.
Normalmente, as sensações de dor são acompanhadas de pontadas ou queimação, e agravadas durante a prática de atividades físicas. Acredita-se que, geralmente, as lesões no tornozelo (principalmente as entorses) são subestimadas. Consequentemente as estratégias de tratamento não são efetivas, o que deixa o tornozelo instável. Por isso, existe uma alta taxa de recorrência de lesão após a primeira contusão.
As lesões laterais no tornozelo podem ter caráter crônico, que aparecem aos poucos, devido aos desgastes dos tecidos. Elas também podem ser caracterizadas como agudas, que acontecem repentinamente. Tanto o erro biomecânico (movimento) quanto o sobrepeso estão mais relacionados às dores crônicas. Já as lesões ósseas e ligamentares geralmente estão mais ligadas às dores agudas. Veja baixo os fatores mais detalhados:
Os três principais contribuintes para a estabilidade das articulações do tornozelo são:
O aspecto funcional de cada um deles contribui para a estabilidade do tornozelo. Quando há uma falha de algum desses componentes, a articulação fica mais propensa a desvio, estresses e impactos. Dessa forma, a articulação fica mais propensa a entorses e erros biomecânicos.
O desalinhamento das articulações, associado aos movimentos repetitivos, podem gerar micro traumas no tornozelo. Quando isso acontece, é comum associar tais alterações com os desvios mais conhecidos, como o tornozelo varo ou valgo e a pisada pronada ou supinada. Porém, antes de classificarmos as alterações, é importante entendermos o que, de fato, cada um desses termos significa.
Esse tipo de pisada causa uma impactação excessiva nas estruturas laterais do tornozelo, principalmente do calcâneo com a fíbula, e pressiona os tendões dos músculos fibulares, que assim como os ligamentos, passam atrás do maléolo lateral. Tanto a compactação dos tecidos, causada pelo desvio do tornozelo em valgo, quanto a tração dessas mesmas estruturas, causada pelo desalinhamento em varo, podem levá-los à inflamação.
É fundamental estar sempre no peso recomendado pelo médico, pois estar acima do ideal pode aumentar a pressão que é depositada nos tornozelos e, consequentemente, causar dores. Muitos problemas podem ser originados por esse fator, como a osteoartrose e as tendinites. Além disso, a intensidade e a repetição excessiva de exercícios físicos também comprometem a estrutura e aumentam as chances de as dores aparecerem. Os atletas são os que mais sofrem com tais problemas porque realizam treinos pesados e desgastantes. Portanto, é fundamental evitar o alto grau de estresse para ficar longe das lesões e das dores.
Esse tipo de lesão acontece quando há um choque de alto impacto com outro corpo ou objeto, como em esportes de contato: futebol, rugby, muai thay etc. Quando ocorre, os traumas podem ocasionar lesões ligamentares ou até mesmo fraturas ósseas.
As lesões dos ligamentos podem ser parciais, rompendo algumas fibras do ligamento, ou com rompimento total. Os ligamentos mais lesionados em entorses por inversão são: o ligamento talofibular anterior e o calcaneofibular.
A sindesmose é um tecido fibroso que liga a tíbia e a fíbula. Quando lesionada, geralmente provoca dor na região anterossuperior do maléolo externo.
Em lesões com maior impacto, pode ocorrer fraturas nos ossos do tornozelo – principalmente na fíbula, por ser mais estreita. Em casos mais graves a tíbia também pode ser fraturada. Podemos classificar as fraturas nas seguintes categorias:
De acordo com o estudo “An epidemiological survey on ankle sprain”, a entorse lateral de tornozelo é a causa mais comum de dor nessa região, principalmente em pessoas que praticam esportes. Neste caso, o principal causador da entorse é movimento intenso e súbito, que ultrapassa o limite de carga do tornozelo e aumenta a chance de lesão nas estruturas articulares, como nos ligamentos e nos ossos. O mais comum é a entorse em inversão (quando o pé vira para dentro), pois o tornozelo movimenta-se mais para esse lado do que para o lado de fora (eversão), por conta da restrição anatômica do próprio osso.
Quem já teve entorse de tornozelo algumas vezes está mais sujeito a contrair essa lesão do que pessoas que nunca tiveram esse problema. Isso porque, muitas vezes, as entorses são negligenciadas e por isso mal acompanhadas durante o tratamento. Dessa forma, gera-se uma instabilidade crônica na articulação, gerada pela má recuperação das estruturas, como frouxidão ligamentar, lesão tendínea, fraqueza muscular, entre outras.
Os tendões fibulares são estruturas de extrema importância na região lateral do tornozelo e podem ser facilmente lesionados por conta de entorses. Primeiro é preciso saber a função desses tendões, que são fundamentais para os movimentos do pé e tornozelo durante caminhadas e corridas. Eles são responsáveis por dar estabilidade durante o apoio no solo. Um deles, que é mais longo, insere-se na base do primeiro metatarso e o outro na base do quinto metatarso.
Os traumas dos tendões fibulares incluem ruptura, tendinite e subluxação (quando o tendão sofre um leve desvio). Segundo um estudo americano, essas lesões são muitas vezes negligenciadas, provocando instabilidade e dor crônica na lateral do tornozelo. Tanto a tendinite crônica quanto pequenas lesões ligamentares são mais comuns que a ruptura completa ou a subluxação.
Quando os tendões são lesionados, observa-se um inchaço persistente na lateral do tornozelo e estalos acompanhados de dor. Algumas pessoas também relatam sentir o tornozelo instável.
A artrose pode atingir o tornozelo, mesmo sendo mais comum na região do joelho e do quadril. Essa doença é um tipo de artrite: atinge as articulações, promove o desgaste da cartilagem, causa degradação progressiva e dificulta a movimentação articular. Algumas pesquisas correlacionam o desenvolvimento dessa patologia com as entorses frequentes, pois geram uma instabilidade que favorece o desgaste acelerado da articulação.
O bom alinhamento e a estabilidade do tornozelo são fatores de extrema importância para evitar as dores no local. Logo, o principal objetivo do tratamento deve ser corrigir os desvios e fornecer maior estabilidade para a articulação. Além disso, manter o peso ideal e fazer um treino progressivo é fundamental para atingir tais finalidades, pois o tornozelo é a articulação que recebe todo o peso do corpo.
O tratamento ideal dependerá do diagnóstico correto de um especialista. Por isso é importante realizar uma avaliação com um médico ou fisioterapeuta.
Para quem é atleta, aquecer-se antes das atividades ajuda a evitar as dores pós treino. Exercícios de aquecimento são fundamentais antes de qualquer atividade física. Essa prática antes do treino aumenta a circulação sanguínea, melhora a lubrificação articular e a resposta dos músculos. Assim, os tendões e os ligamentos ficam menos tensionados, evitando as possíveis lesões no tornozelo.
A preparação musculoesquelética é muito importante para se evitar lesões durante a atividade. Ao melhorar a lubrificação da articulação e aumentar o aporte sanguíneo para os músculos que serão mais exigidos, o corpo fica mais preparado para o movimento. Consequentemente, os ligamentos e tendões não serão sobrecarregados pela tensão muscular e as cartilagens serão mais capazes de absorver pequenos impactos.
Evitar o aumento de peso e tentar mantê-lo dento do ideal para cada estatura é importante para proteger as articulações dos membros inferiores. Uma vez que o sobrepeso aumentará as pressões em todas articulações que terão que suportar o peso extra. Procurar um médico endocrinologista, um nutricionista ou um preparador físico pode ajudar.
Responsável por transmitir as forças entre as pernas e os pés, o tornozelo está diretamente ligado ao equilíbrio do corpo. Por ser uma articulação bastante móvel, pode perder a estabilidade facilmente, predispondo a lesões. Treinos de equilíbrio ajudam fortalecer os músculos e tendões que passam pela articulação, preparando-os para evitar posições de maior risco para o tornozelo lateral.
As palmilhas sob medida aumentam a área de contato do pé, melhorando a sua estabilidade e prevenindo lesões. Além disso, ao aumentar a superfície de apoio, as palmilhas melhoram o amortecimento da pisada, redistribuindo as pressões exercidas sobre os pés. Caso haja algum desalinhamento pisada, as cunhas de correção podem ser utilizadas.
As tornozeleiras ajudam a melhorar o alinhamento e a estabilidade do tornozelo, protegendo-os contra entorses. Existem no mercado diversos tipos de tornozeleiras, com maior ou menor suporte. A escolha irá depender do tipo de atividade realizado e da adaptação de cada pessoa para o dispositivo, procure um especialista para lhe mostrar a melhor opção.
O uso de anti-inflamatórios e analgésicos deve ser prescrito por um médico. E pode ajudar bastante no controle da dor e da inflamação, principalmente durante os períodos iniciais. O medicamente não deve ser considerado um tratamento único, pois não atua no motivo que gerou a lesão. Caso as dores forem recorrentes, procure um médico ou um fisioterapeuta especialista para que ele analise a estabilidade do tornozelo e integridade dos tecidos ao redor.
As palmilhas sob medida amortecem o impacto, corrigem os desvios de pisada e proporcionam estabilidade aos pés e ao tornozelo. Além de solucionarem as complicações na lateral do tornozelo, elas aliviam as dores e promovem o máximo de conforto. Para evitar que o tornozelo fique sobrecarregado, o apoio do arco do pé precisa estar correto. Assim, os pés estarão estáveis e bem amortecidos para absorver a carga imposta pelo restante do corpo.
Caso existam desalinhamentos de pisada, nós conseguiremos detectá-los através da análise de marcha na esteira ergométrica. Utilizamos uma cunha interna de calcanhar se o desalinhamento for em valgo ou se a pisada for pronada. Caso o desvio seja em varo e a pisada supinada, implementaremos uma cunha externa no mesmo local.
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