O joelho é uma articulação que recebe muita carga quando estamos em pé, porém é também uma das articulações mais instáveis do corpo humano. Seu funcionamento depende da harmonia entre várias estruturas, como meniscos, ligamentos, músculos e ossos. Aproximadamente 70,5% das mulheres e 65% dos homens sentem alguma dor na região do joelho.
O joelho é uma articulação complexa, dividida em três compartimentos: o medial, formado pelos côndilos mediais da tíbia (osso da perna) e fêmur (osso da coxa); o lateral, formado pelos côndilos laterais da tíbia e do fêmur; e o femoropatelar, formado pela articulação da patela com o fêmur.
A dor na frente do joelho, geralmente, está associada a Síndrome da Dor Femoropatelar (SDFP), pois é a causa mais comum de dor na região. De acordo com o estudo “Anterior Knee Pain”, ela atinge com mais frequência adolescentes e adultos jovens que praticam esportes. No entanto, existem diversas causas de dores na frente do joelho, envolvendo outras estruturas que também estão nessa região.
A patela é um dos principais componentes do joelho e funciona como uma espécie de alavanca: potencializa a força gerada pelos músculos da coxa. Para exercer essa função, ela “desliza” por um desnível do fêmur, chamado de “sulco troclear”. Isso acontece durante todas as atividades, como andar, correr, agachar, saltar ou subir e descer escadas.
Geralmente, quando ocorre algum problema em sua movimentação (devido à sobrecarga ou desalinhamento natural dos membros) a articulação femoropatelar fica mais suscetível a dores. Esse tipo de dor é muito comum nos atletas, principalmentenos praticantes de corrida e saltos, por causa da alta repetição de movimentos e a aplicação excessiva de carga no local.
A instabilidade e o mau posicionamento da patela são os principais fatores que estimulam o aparecimento de dores na parte frontal do joelho. Mas, fatores como a obesidade, excesso de atividade física intensa e traumas, também podem gerar dores na região. Veja os principais fatores:
O alinhamento do joelho é fundamental para o funcionamento de suas estruturas. A mudança na angulação entre o fêmur e a tíbia, principais ossos da articulação, contribuem para a má movimentação e sobrecarga de outras estruturas articulares, como a patela. O desvio pode ser apenas durante o movimento, ocasionado por uma fraqueza ligamentar ou muscular, ou pode ser estrutural com desvio ósseo. Os desvios estruturais podem ser facilmente visíveis, mas o raio X é o exame de imagem mais utilizado para medir o alinhamento dos ossos.
Os principais desalinhamentos são detectados com uma imagem anteroposterior (AP) dos joelhos, como se estivesse olhando para os joelhos de frente. A partir desta imagem, mede-se o ângulo formado entre o fêmur e a tíbia. Depois, é feita a analise do alinhamento, que pode ser classificado em normal, varo ou valgo. Tais desalinhamentos retiram a patela do trajeto ideal, aumentando a sobrecarga em certas regiões.
Os homens possuem ângulo Q entre 10º e 14º, enquanto mulheres apresentam uma abertura que pode variar entre 15º e 17º. Tal variação ocorre devido à estrutura biomecânica de cada gênero, pois o sexo feminino apresenta o quadril mais largo. Alguns pesquisadores supõem que o aumento das dores nas mulheres está ligado à extensão angular;
A sobrecarga gerada pelo alto impacto na articulação e os treinos intensos sem períodos de recuperação deixam as cartilagens do joelho mais expostas a lesões. Os treinos, com aumento rápido de carga ou volume, ocasionam o desgaste precoce das articulações, principalmente se os movimentos não forem bem corrigidos;
Os joelhos fazem parte da estrutura de sustentação do corpo. Por isso, sempre que há um aumento de peso corporal, a articulação é sobrecarregada. Pessoas obesas tendem a sentir muitas dores nos joelhos, do que quem está no peso ideal.
Em alguns casos, a articulação pode se mover mais do que o ideal. Acredita-se que essa é uma condição hereditária que leva ao enfraquecimento do colágeno produzido pelo corpo, deixando as estruturas como tendões e ligamentos mais maleáveis. Desta forma, os joelhos perdem a estabilidade. Além disso, pode ocorrer desvios, tanto do alinhamento do fêmur e da tíbia, quanto um desvio exagerado da patela durante o movimento (luxação patelar).
Por ser muito instável, o joelho precisa de seus ligamentos, meniscos, tendões e músculos em bom estado para se proteger. A musculatura é o único tecido que pode melhorar rapidamente, e assim, ajudar na estabilização dos joelhos. O principal fator que leva ao desalinhamento biomecânico da articulação (durante o movimento) é a fraqueza muscular, pois não gera força suficiente para mantê-la alinhada.
Ocorre devido ao desgaste da cartilagem da patela devido à sobrecarga na superfície articular durante o seu movimento. A síndrome tem diversas causas, entre as principais encontramos: o desalinhamento do joelho durante o movimento, o desalinhamento ósseo e a pronação excessiva dos pés. Atinge adolescentes e adultos jovens, principalmente os praticantes de esportes. Geralmente, o tratamento é conservador e envolve melhora do movimento.
São síndromes que acontecem por conta da inflamação óssea, devido ao aumento de tração. A diferença entre os dois tipos de lesão está na região afetada. Enquanto a lesão Osgood-Schlatter causa inflamação na inserção do tendão patelar com a tíbia, a Sinding Larsen Johansson ocorre na inserção do tendão patelar com a patela.
Esta lesão está correlacionada ao uso excessivo do joelho e ao encurtamento muscular, aumentando a tração no tendão. Além disso, ela é mais comum em adolescentes entre 12 e 15 anos, devido ao estirão ósseo sem crescimento muscular adequado, levando à inflamação local com dor localizada, inchaço e crescimento ósseo na região. Geralmente, o tratamento é conservador, focado na diminuição de atividades e alongamento muscular.
Nome dado à inflamação do tendão patelar em pacientes adultos. É bem comum em jovens adultos, fisicamente ativos e que praticam esportes que envolvem movimentos repetitivos, com sobrecarga dos joelhos (saltos, pouso ou a corrida, por exemplo). A dor é localizada no tendão e está relacionada à prática esportiva.
A hoffa é uma estrutura gordurosa localizada abaixo do tendão patelar. Sua função é nutrir a articulação, ajudando no funcionamento dos tecidos ao redor e na recuperação dos mesmos. Quando o aparecimento de microtraumas é contínuo, o tecido pode inflamar e estimular dores na frente do joelho. Essa lesão é muito comum em corredores por conta da hiperextensão dos joelhos durante o exercício.
As bursas são pequenas bolsas cheias de líquido que se posicionam entre as estruturas do corpo, evitando o atrito entre elas. Na região anterior do joelho existem três bursas: a suprapatelar, a prepatelar e a infrapatelar. Também mais comum em pessoas fisicamente ativas, os sintomas são dor e inchaço local. O tratamento conservador funciona, na maioria dos casos, apenas com a diminuição de exercício, anti-inflamatórios e correção do gesto esportivo.
A artrose é uma doença degenerativa e progressiva. Ela causa o desgaste da cartilagem que reveste os ossos e pode levar à deformidade da área atingida. O joelho, por ser suscetível às grandes cargas, é uma região muito afetada por essa patologia. Ela pode causar fortes dores e limitar a movimentação da articulação. A patela, por ser a alavanca do sistema locomotor e ser altamente influenciada pelo alinhamento dos membros inferiores, está muito sujeita à artrose, principalmente quando há desalinhamento da articulação. A doença atinge principalmente mulheres e pessoas com mais idade.
Como a dor na frente do joelho pode ser causada por muitos fatores, é necessário um diagnóstico exato para descobrir sua origem. A análise deve ser feita por um profissional especializado, como um médico ou fisioterapeuta. Entretanto, após o aparecimento do incômodo, algumas medidas podem ser tomadas para aliviar as dores, como:
Os tratamentos cirúrgicos podem ser indicados apenas em situações mais graves e quando o tratamento convencional não for capaz de ameniza a dor.
As palmilhas sob medida corrigem a sua pisada, reduzindo a sobrecarga nos joelhos. Para isso, é feita uma avaliação minuciosa com um de nossos especialistas a fim de encontrar o motivo da dor. Após a palpação e o questionário inicial sobre as dores, serão realizados dois exames para saber o formato do seu pé e o tipo de alinhamento da pisada.
O alinhamento da pisada e a distribuição da pressão durante o caminhar podem ser analisados durante a análise de marcha na esteira ergométrica. O escâner 3D mede exatamente as dimensões do pé, para que a palmilha forneça o encaixe perfeito levando em conta todas as características de cada tipo de pisada.
Caso seja detectado algum desvio de pisada, a palmilha corrigirá através de uma cunha lateral. Para pisada pronada, em que os joelhos tendem a ir para dentro (valgo), coloca-se uma cunha de calcanhar na região interna do pé para alinhar a (pisada). Nas pisadas supinadas, mais comuns em pessoas com joelhos varos, a cunha é na região externa. Além das cunhas, a acomodação do pé com o apoio do arco ajuda a melhorar a distribuição das cargas nos pés, tornozelos e joelhos, diminuindo as dores e prevenindo novas lesões.
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